(PT/EN)
Aledra, 1981, São Paulo, Brasil.
Nascida no interior de São Paulo, na cidade de Porto Ferreira, foi criada na capital. Aos quatorze anos de idade, seu interesse por arte cresce e sua atividade de criação se intensifica através do desenho. Desenhava formas coloridas simbólicas e intuitivas numa espécie de automatismo do gesto. Uma geometrização orgânica, linhas que se arredondavam combinadas a ângulos de 90 e 45 graus, como num embate de opostos. No ensino médio, recebeu uma exposição individual organizada por sua professora de artes.
Ainda nesse período, começou a pintar com tinta
acrílica em telas experimentais fabricadas por seu pai, aos poucos foi
desenvolvendo seu universo estético próprio e com o passar do tempo desenhar e
pintar tornou-se uma necessidade. Durante sua breve passagem pela academia de arte
Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, teve contato com um rico
universo artístico, ampliando seu entendimento sobre arte. Por ter interrompido os estudos na faculdade, muito do seu aprendizado se deu de forma autodidata.
Explorou a joalheria estudando design de joias, joalheria de bancada e gemologia, e de 2009 a 2012, atuou como curadora de arte, diretora de arte e colunista para a Revista Psicanalítica de cultura e arte, onde realizou exposições online de artistas como Paulo Almeida e Azeite De Leos. Em 2014, retoma os estudos em artes visuais com ênfase em pintura contemporânea com os artistas Deborah Paiva, Bruno Dunley e Paulo Pasta, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, onde realizou três exposições coletivas. Nessa fase mais intensa de produção, introduziu em suas pinturas a tinta óleo, deixando de fazer uso da tinta acrílica. Seu trabalho ganhou cores rebaixadas e texturas opacas, e pôde desenvolver as formas orgânicas que apareciam em seus desenhos anteriores, com breve ou nenhuma geometrização, como esboços inacabados.
A escultura surgiu naturalmente nos processos de feitura das pinturas e desenhos, de forma complementar. Com o desejo de trabalhar com um material gentil, tanto na parte tátil quanto visual, a artista passou a experimentar o uso de tecidos em suas criações tridimensionais, escolha favorecida pela facilidade de adquirir o material com seus pais, que eram do ramo da confecção de roupas. Mais tarde, como num movimento de ação e compensação, seu desejo foi no sentido oposto e passou a trabalhar com cimento/concreto, encontrando o equilíbrio na cerâmica.
Referências de filosofia, Art Brut, história da vestimenta, da joalheria e dos sapatos fazem parte do imaginário da artista. No seu processo de criação, a experiência do fazer conduz boa parte do trabalho, que se organiza reflexiva e intuitivamente ao longo do percurso. No desenho, as formas arredondadas encontram seu ápice, onde é manifestada a ideia de unidade, que passa a permear toda a poética do seu trabalho. A unidade como um todo coordenado, um ente estável, um circuito fechado, agregados - o círculo - uma forma primária dos estágios iniciais do desenho infantil, que aparece gradual, quase literalmente, tanto nos desenhos quanto nas esculturas breves feitas com balões de látex, enquanto orienta de forma velada a produção das pinturas e esculturas.
Outra forma que surge naturalmente para a artista é a do sapato, revelados de forma concreta, por vezes garatujas, ganham forma tridimensional nas esculturas de cerâmica e cimento/concreto, onde a artista procura explorar sua forma simbólica em alguns trabalhos, e em outros, busca sua essência na tentativa de resgatar sua imagem primordial no inconsciente coletivo, reduzindo o objeto ao máximo possível tornando-o quase totalmente abstrato. Como esteta, o que norteia toda sua produção é a vivência dos valores tonais e materiais de harmonia e composição, dentro de uma noção estética contemporânea da assimetria e refutação da beleza, não em um embate, mas em um movimento complementar, criando seu repertório estético particular.
Em
2020, participou do III Leilão de Arte, da XX Arte. Em 2021, teve seu
trabalho selecionado para participar da revista nova iorquina de
literatura, The Brooklyn Review. Ainda em 2021, outra faceta do seu trabalho foi revelada com a chegada da Covid-19, pois ficar em casa abriu novas possibilidades, como por exemplo, se dedicar mais à culinária. O resultado foi uma série de fotografias de sobremesas, cuja materialidade dialoga com o corpo da tinta utilizada em trabalhos de pintura e escultura que receberam espessas camadas de tinta.
Toda sua produção fala de desejo, os sapatos, as sobremesas, as joias, os tecidos das esculturas, as cores utilizadas nas pinturas, são todos elementos lúdicos que inspiram o prazer dos sentidos.
(EN)
Aledra, 1981, Sao Paulo, Brazil.
The artist was born in the interior of Sao Paulo, in the city of Porto Ferreira, Brazil and grew up in the state capital. In 1996, at the age of fourteen her interest in arts grew and her creation activity intensified through drawing. She drew forms symbolic and intuitive in a kind of gestural automatism - an organic geometrization, lines that swerved, met at 90 and 45 degree angles, clashing like opposites. In high school, she get an individual exhibition organized by her arts teacher.
In that period, she began painting with acrylics on experimental canvases manufactured by her father, gradually developed her own aesthetic universe over time, until drawing and painting became a necessity. Her time at São Paulo’s prestigious Academy of Art Armando Alvares Penteado Foundation (FAAP), introduced her to a rich artistic universe, expanding her understanding about art. Because of the interruption of university studies, much of her learning was self-taught.
She experimented in jewelry design, goldsmith and gemology, from 2009 to 2012, she acted as a art curator, art director and columnist for Psicanalitica Magazine of art and culture producing exhibitions by artists like Paulo Almeida and Azeite De Leos. In 2014, she resumed her study in visual arts with an emphasis on contemporary painting with the artists Deborah Paiva, Bruno Dunley and Paulo Pasta at the Tomie Ohtake Institute, in Sao Paulo, where she participated in three collective exhibitions. In this most intense phase of production, she began to work with oil paints, introducing muted colors and opaque textures into her work, developing the organic forms wich have appeared in her previous drawings.
The Sculpture has naturally emerged in the process of painting and drawing as a complement. Desiring to work with material which was gentle both to the touch and visually, the artist experimented with the use of tissue in hes three-dimensional creations - favored for the ease with which she acquired it from her parents, who made clothes. Later, as in a move of dynamism and compensation, her desire was in a opposite direction and she went on to work with building materials, ultimately finding a balance in ceramic.
References of philosophy, Art Brut, history of dress and shoes are part of the artist's imagination. In her process of creating, the experience of doing directs much of the work, which is conducted reflexively and intuitively along the way. Rounded shapes find their apex in the drawing, where the idea of unity is manifested, which passes on to permeate all the poetics of the work. The unit as the coordinated whole, a stable entity, closed circuit, aggregates - the circle - a primary shape of the initial stages of children's drawings, appears gradually, almost literally, both in the drawings and sculptures made with latex balloons while guiding in a veiled way the production of paintings and other sculptures.
Another form that arrises naturally to the artist is the shoes, revealed sometimes in garatujas – doodles - and takes a three-dimensional shape in ceramic and concrete cement sculptures; where the artist seeks to explore her symbolic form in some works, and in others, she seeks it's essence in attempt to discover her primordial image in the collective unconscious, reducing the object as much as possible making it almost entirely abstract. In essence, that which guides all her work is the experience of beauty, which the artist considers of vital importance. Values such as harmony and composition coexist with the contemporary aesthetic notion of the asymmetry and refutation of beauty, not in a clash, but in a movement, creating their particular aesthetic repertoire.
In 2020, she participated in the III Art Auction of the XX Arte. In 2021, she had her work selected to participate in the New York Magazine of Literature, The Brooklyn Review. Still in 2021, another facet of her work was revealed with the arrival of Covid-19, as staying at home opened new possibilities, for example, to devote more to cooking. The result was a serie of dessert photographs, whose materiality dialogues with the body of the paint used in painting and sculpture works that received thick layers of paint.
Her production speaks of desire. The shoes, desserts, jewelry, the fabric sculptures, the colors used in the paintings, are all playful elements that inspire the pleasure of the senses.